Retrospectiva 2022

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Cenário Internacional

Estados Unidos

O ano de 2022 foi um ano conturbado para a maior economia do mundo, havendo uma série de repercussões relacionadas principalmente ao aumento da inflação. As pressões inflacionárias começaram a aumentar no final de 2021, mas começaram a disparar durante o verão pelo aumento dos custos de energia. As taxas de inflação continuaram a subir em todo o mundo, com a taxa de inflação ao consumidor dos EUA em março registrando 8,5%, a mais alta desde a década de 1980, e atingindo o pico máximo de 9,1% em junho.

O Departamento do Trabalho apresentou em dezembro o último relatório da inflação americana, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês). A inflação anual dos Estados Unidos está em 7,1%, no acumulado dos últimos 12 meses até novembro, registrando uma desaceleração e apresentando a menor taxa desde novembro de 2021, com uma queda expressiva em relação ao pico de 9,1%. No entanto, isso ainda é uma magnitude superior aos 2% preferidos do Federal Reserve para a inflação americana.

O gráfico da inflação anual dos Estados Unidos dos últimos 2 anos. Em junho, chegou ao pico de 9,1% e atualmente se encontra em 7,1% no acumulado dos últimos 12 meses até novembro.

Fonte: MQL5, elaboração própria

Embora a guerra na Ucrânia e o aumento dos preços da energia tenham sido um grande impulsionador da inflação do lado da oferta, os republicanos afirmam que os democratas e o governo Biden lançaram as bases para a alta dos preços ao injetar gastos do governo na economia, o que gerou demanda excessiva. Enquanto isso, alguns democratas argumentaram que a ganância corporativa empurrou os preços para cima. 

Com o aumento da inflação ao longo do ano, o Federal Reserve (Fed) – Banco Central americano – elevou as taxas básicas de juros com o intuito de tentar diminuir a inflação no país, após um longo período de baixas taxas de juros. o Comitê de Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Fed divulgou a elevação da taxa básica de juros em 0,50 ponto porcentual em dezembro. Com isso, os juros norte-americanos passam a variar entre 4,25% e 4,50% ao ano. O Fed aumentou a taxa pela sétima vez consecutiva, mas com o menor aumento nesse período. De acordo com o comunicado do Fed, “O Comitê antecipa que os aumentos em curso na faixa da meta serão apropriados para atingir uma postura de política monetária suficientemente restritiva para retornar a inflação para 2% ao longo do tempo”.

O gráfico apresenta o aumento da taxa de juros no último ano para tentar controlar a inflação.

Fonte: MQL5, elaboração própria

O Produto Interno Bruto do país foi um tema com muito destaque, pois sofreu variações inesperadas. No 1º trimestre de 2022, houve uma queda de 1,6%; no 2º trimestre houve mais uma queda anualizada de 0,6%; assim, com as duas quedas supracitadas, a maior economia global entrou em “recessão técnica”. No 3º trimestre, o PIB cresceu 2,6%, e por fim, o 4º trimestre trouxe um aumento anualizado de 6,9%.

O mercado imobiliário é talvez o mais vulnerável ao aumento das taxas do Fed e, ao longo do ano passado, ficou claro que o setor imobiliário entrou em recessão. Em 2021, os negócios estavam em alta para o setor imobiliário, onde as pessoas compravam e vendiam freneticamente enquanto tiravam proveito das taxas hipotecárias historicamente baixas.

Os aumentos de juros do Fed mudaram dramaticamente o curso do mercado imobiliário. A taxa média de uma hipoteca de taxa fixa de 30 anos subiu de quase 3% no início do ano para cerca de 7% algumas semanas atrás, colocando a compra de casas fora do alcance de muitos possíveis tomadores de empréstimos. As vendas de casas existentes caíram por nove meses consecutivos e estão no nível mais baixo desde o início da pandemia. As vendas de casas existentes caíram 5,9% em outubro, para uma taxa anual ajustada sazonalmente de 4,43 milhões, de acordo com um relatório da Associação Nacional de Corretores de Imóveis. As vendas caíram quase 30% em relação ao ano anterior.

A inflação afetou o mercado imobiliário, registrando uma queda nas vendas de casas existentes por nove meses consecutivos e registrando o nível mais baixo desde o início da pandemia.

Fonte: USA Today

A guerra na Ucrânia afetou a economia global, os mercados começaram a cair no início do ano, à medida que a inflação continuou a subir e as tensões Rússia-Ucrânia começaram a aumentar. Em 24 de fevereiro, a Rússia invadiu a Ucrânia, o que criou uma nova crise na cadeia de suprimentos. O preço do petróleo bruto atingiu US$ 129 em março, o que provavelmente foi o fim da teoria da inflação transitória. Curiosamente, os setores que tiveram melhor desempenho em janeiro continuaram a superar o restante do ano. O petróleo bruto e o ouro também começaram a subir no início do ano, à medida que as tensões geopolíticas aumentavam. Os preços do petróleo caíram desde o início de novembro, diminuindo os preços na bomba. Um galão de gasolina sem chumbo custava em média US$ 3,19 no mês de dezembro, abaixo dos US$ 5,02 registrados em meados de junho.

O destaque do ano no âmbito político foi para as eleições legislativas norte-americanas, que ocorreram em novembro. As eleições de meio mandato são responsáveis por eleger todos os 435 assentos da Câmara, 35 das 100 cadeiras disponíveis no Senado e os governadores de 36 estados. Na Câmara, o Partido Republicano e o Partido Democrata elegeram 222 e 213 deputados respectivamente, sendo necessário 218 assentos para ter a maioria de 51%. Já no Senado, os democratas passam a ter 51 cadeiras e os republicanos 49. A disputa foi bastante equilibrada para descobrir o resultado, onde os republicanos voltaram a ter maioria na Câmara e os democratas continuam com a maioria no Senado. No entanto, a senadora democrata, Kirsten Sinema, anunciou que estava deixando o partido democrata para se tornar independente. Com isso, os democratas têm 50 cadeiras no senado e em caso de empate na votação, a vice-presidente e atual presidente do Senado americano, Kamala Harris, exerce o poder de desempate.

Mapa da apuração dos resultados das eleições legislativas do Senado e da Câmara dos estados americanos.

Fonte: Fox News

O congresso americano aprovou as principais prioridades do presidente Biden, incluindo a lei de redução da inflação que inclui US$ 369 bilhões em investimentos climáticos para a próxima década e o primeiro grande projeto de lei para controle de armas. Além disso, o governo de Joe Biden conseguiu aprovar, neste mês, o pacote de gastos do governo até setembro de 2023, computando o valor de US$ 1,66 trilhão. Ao longo do ano o governo americano forneceu ajuda econômica de US$ 18 bilhões à Ucrânia no combate a guerra.

Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos, anunciou que concorrerá à presidência novamente, apesar de uma enxurrada de questões legais envolvendo a invasão ao Capitólio e de documentos confidenciais do governo encontrados em sua casa na Flórida.

 Donald Trump, anuncia sua pré-candidatura.

Fonte: Veja

As criptomoedas tiveram um destaque negativo no ano de 2022, tendo em vista o colapso maciço da FTX e a prisão de seu outrora venerado fundador. Desde que atingiu cerca de US$ 50.000 no ano passado, o Bitcoin perdeu 66% de seu valor de mercado. Ethereum, a segunda criptomoeda mais popular, está se aproximando de perdas de cerca de 69%. Essas quedas foram acompanhadas de perdas nos mercados de ações este ano. A implosão do FTX transformou o ano ruim da criptomoeda em um ano terrível, o colapso começou no início de novembro e, em questão de dias, a empresa estava declarando falência e o fundador Sam Bankman-Fried, fundador e antigo CEO, foi preso em dezembro.

FTX entra com pedido de recuperação judicial após caos causado pela falta de controles internos, destacando que não havia distinção entre as operações da FTX e da Alameda Research (controlada pela FTX).  Sam Bankman-Fried foi preso pelas irregularidades.

Fonte:Sydney Morning Herald

Em outubro deste ano, o empreendedor Elon Musk, fundador da SpaceX e CEO da Tesla, efetuou a compra da rede social “Twitter” por US$ 44 bilhões (cerca de R$ 235 bilhões). O empresário comentou que seu objetivo ao comprar a plataforma é ajudar a humanidade, fazendo que as pessoas tenham  “uma praça digital comum”.

Após período de negociações, Elon Musk finalizou a compra do Twitter.

Fonte: Outraspalavras.net

Ao longo do ano a violência assolou os EUA com muitos atentados em todo o país. Em maio, no estado do Texas, houve o maior massacre da história do país com 19 alunos e 2 professores mortos após um atirador entrar em uma escola e disparar contra as pessoas no local. Além disso, houveram atentados no desfile da independência em Illinois e no supermercado do Walmart na Virginia.

Neste ano, o furacão Lan atingiu a Flórida com categoria elevada a 4 no mês de setembro, sendo o mais mortal da Flórida desde 1935. Os danos causados foram estimados em mais de US$ 84 bilhões, causando mortes e avassalando as estruturas das cidades.

O Furacão Lan atinge a Flórida, destruindo estruturas e deixando 15 mortos.

Fonte: CNN

Em relação às bolsas americanas, a repercussão foi alta, tendo em vista que houve uma queda expressiva, registrando o pior ano desde 2008. A Nasdaq recuou 33,71% (amargando as piores perdas de 2022), o S&P 500 recuou 19,95% e o Dow Jones, 8,8%. As empresas de tecnologia tiveram as maiores perdas em 2022, como exemplos, a Generac Holdings (NYSE: GNRC) teve 74% de queda, a Match Group (NASDAQ: MTCH) teve 70% de queda, a Tesla (NASDAQ: TSLA) também teve 70% de queda, a Meta (NASDAQ: META) teve 65% de queda, entre outras empresas, tanto menos conhecidas ao investidor brasileiro como as big techs.

Na última semana do ano, os principais índices de Wall Street encerraram o ano com leves perdas. Com isso, o S&P 500 recuou 0,13% a 3.839,50 pontos, o Dow Jones teve a menor queda, diminuindo 0,001% a 33.147,25 pontos e o Nasdaq 100 registrou a maior queda dos índices, caindo 0,41% a 10.939,76 pontos.

O S&P teve a maior queda entre os principais índices americanos, registrando um recuo de 33,71%.

Fonte: Google Finance

Europa

No contexto Europeu, um dos maiores destaques é a Guerra Russo-Ucraniana, com um longo passado histórico, mas marcada pela invasão da Rússia em território Ucraniano em fevereiro de 2022. Desde o início do ano as tensões entre os países já eram acentuadas devido ao interesse e proximidade da Ucrânia com a Otan, Organização do Tratado do Atlântico Norte. A aliança ocidental, liderada pelos Estados Unidos, fundou, em abril de 1949, por meio do Tratado de Washington, a OTAN, que surgiu para frear a tendência expansionista da URSS. O contato entre a Ucrânia e a OTAN, aconteceu pela primeira vez em 1994, com interesse e possível entrada da mesma no bloco dos países, mas desde então, pressionada e flexionada a influência Russa.  

Desse modo, em dezembro de 2021, quando a Ucrânia solicita a inclusão do país na OTAN, inicia-se uma série de movimentos russos mais agressivos com intuito de mostrarem força se reunindo na região da Crimeia, e em proximidades a fronteira Ucraniana. Mesmo com sanções e ameaças de países aliados à Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, a Rússia decidiu por invadir a Ucrânia. Veja agora, alguns dos resultados e consequência desse conflito, que hoje, completa a marca de 10 meses.  

A ONU, em novembro de 2022, registrou a marca de 7,8 milhões de refugiados, o general Mark Milley, presidente do Estado-Maior Conjunto dos EUA, sendo autoridade ocidental sobre o conflito, sugeriu que as mortes já somam 100 mil soldados russos, 100 mil militares ucranianos e 40 mil civis. Outra consequência, se dá pelas tensões diplomáticas, com foco entre o bloco europeu e a Rússia, o ano de 2022 também marcou o reposicionamento de algumas nações frentes ao conflito, como a  entrada da Finlândia e da Suécia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Devido à acusação de crimes de guerra, em fevereiro de 2022, a ONU decidiu por suspender a Rússia do conselho de direitos humanos.  

Um dos pontos críticos pela ótica da economia, ocasionados pela guerra, se dá pelo encarecimento nos preços dos alimentos, do petróleo e principalmente da energia elétrica, sendo responsável pela elevação da inflação em diversas nações. Isso pelo conflito envolver dois países importantes nas atividades econômicas listadas; alimentos e energia.  

A Rússia, é a segunda maior produtora de gás natural no mundo, já a Ucrânia, é responsável por 12% das exportações mundiais de trigo e 15% de milho. Compreende-se o cenário econômico que perpetuou o conflito, em março de 2022 Vladimir Putin, assinou um decreto que restringe a importação e exportação de bens e matérias-primas com a justificativa de garantir a segurança da Rússia. Em outubro de 2022, relatório de Perspectivas Econômicas Regionais do FMI sobre a Europa é divulgado no momento em que os países enfrentam uma inflação elevada e uma crise energética cada vez pior. O fundo monetário Internacional, alertou sobre o que poderia se transformar em uma recessão em todo o continente. Mesmo após 11 meses de conflito, a virada do ano de 2023 foi marcada por intensos conflitos e ataques a Kyiv e outras partes da Ucrânia no início do dia de Ano Novo, após uma barragem de mísseis disparados no sábado, com sirenes de ataque aéreo soando por horas durante a noite. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, em um combativo discurso de Ano Novo sinalizou que a guerra, agora em seu 11º mês, continuará, um discurso que contrasta com as mensagens de gratidão e unidade do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy.

Explosão é vista na capital ucraniana de Kiev na quinta-feira, 24 de fevereiro. Imagem ficou marcada com a explosão que deu início aos ataques russos 

Crédito: Gabinete do Presidente da Ucrânia 

Já no Reino Unido, em julho, Boris Johnson anunciou sua renúncia como líder do Partido Conservador e, consequentemente, como primeiro-ministro britânico. Também em julho, tivemos pela primeira vez em 20 anos, a taxa de câmbio entre o euro e o dólar americano atingiu a paridade – ou seja, as duas moedas têm o mesmo valor. O euro atingiu US$ 1 nesta terça-feira (12), registrando uma queda de cerca de 12% desde o início do ano, causada pela alta inflação e pela incerteza no fornecimento de energia ocasionada pela Guerra da Ucrânia. Ainda no contexto político europeu, dia 21 de julho, ocorreu a renúncia do primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, após seu governo de coalizão de unidade nacional entrar em colapso. 

Explorando as consequências do contexto da guerra, também observamos cerca de 60% das terras da União Europeia e do Reino Unido sob aviso ou alerta de seca, de acordo com o Observatório Europeu da Seca.  

Um dos maiores acontecimentos, não somente da Europa, mas do mundo em 2022, foi a despedida da Rainha Elizabeth II em meio a uma das piores crises do custo de vida no Reino Unido, com seu falecimento dia 8 de setembro aos 96 anos, no Castelo de Balmoral, na Escócia, onde passava férias. A monarca era uma grande representante de continuidade e estabilidade para o país. 

Rainha Elizabeth II a caminho de Westminster para presidir a primeira cerimônia de abertura de estado do Parlamento 

Crédito: Central Press/Getty Images 

Em meio a temores de recessão em setembro de 2022 e altos índices de inflação, um fato importante no mercado europeu ocorreu na última semana, a abertura de capital na Bolsa de Valores de Frankfurt pela fabricante de carros esportivos Porsche, com IPO de US $72 bilhões. Essa foi considerada a maior abertura de capital da Europa desde 2011 e uma das maiores do mundo neste ano. Outro marco importante, se deu pela taxa de desemprego na Zona do Euro atingir recorde de mínima histórica. O Eurostat divulgou a Taxa de Desemprego mensal, recuando de 6,6% em setembro para 6,5% em outubro. Com isso, o número de pessoas desempregadas apontou em 10,87 milhões de pessoas.

Ásia

O ano de 2022 apresentou diversos eventos significativos no cenário asiático, os impactos da COVID-19, decisões políticas relevantes e questões diplomáticas.

Protestos contra a política Covid-Zero – Foto: Noel Celis/AFP

A política “Covid-Zero” continuou em evidência ao longo do ano, os dados de casos de infecções permaneceram no radar das autoridades políticas e investidores, o receio devido a numerosa população da China e os possíveis impactos da doença ainda seguem sendo amplamente discutidos no país. No último mês do ano inúmeros protestos surgiram referentes às políticas adotadas até então – manifestações que há muito tempo não eram vistas na China. As autoridades se posicionaram recentemente com ajustes e flexibilização nas medidas de restrição e os dados seguem em avaliação.

Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês – Foto: Diário do Povo (China)

Nesse ano também ocorreu o 20º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês (PCCh) entre 16 e 22 de outubro em Pequim. O secretário-geral Xi Jinping apresentou um relatório do balanço integral dos trabalhos dos últimos cinco anos e das transformações ocorridas na China na última década, além disso, apresentou um planejamento para o futuro do país com inúmeras perspectivas elencadas. Após o Congresso, o Partido escolheu o novo Comitê Central e concretizou o terceiro mandato de Xi Jinping como secretário-geral do Partido Comunista Chinês e líder nacional.

Discurso de Xi Jinping no 25° aniversário do retorno de Hong Kong – Foto: Reuters

Em julho foi comemorado o 25º aniversário do retorno da ex-colônia britânica – Hong Kong – à China. O evento também oficializou a posse de John Lee como novo Chefe Executivo da cidade. Os controles políticos da China sobre a cidade são amplamente debatidos, antes do início da cerimônia o então primeiro ministro britânico, Boris Johnson, afirmou que a China não estaria respeitando o acordo de “um país, dois sistemas” propostos inicialmente.

Exercícios militares chineses em Taiwan – Foto: Reuters

Outro aspecto importante no cenário asiático foi a decisão determinada do governo chinês em defender Taiwan de possíveis tentativas separatistas ou de independência. Após visita da presidente da Câmara dos EUA Nancy Pelosi no início de agosto, o governo chinês impôs sanções particulares para a autoridade americana. Além disso, ocorreram diversos exercícios militares de treinamento de combate na ilha – determinados por autoridades chinesas. É uma questão diplomática que merece atenção nos próximos anos.

Neste ano, o líder chinês Xi Jinping participou de diversos eventos diplomáticos como a 17º Cúpula do G20 na Indonésia e na 29ª Reunião de Líderes Econômicos da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico na Tailândia. Durante o ano, Jinping teve o primeiro encontro cara a cara – com relação aos últimos três anos – com Joe Biden, presidente dos Estados Unidos. Além disso, outras ações diplomáticas ocorreram no ano, como as Olimpíadas de Inverno em Pequim e a visita de Xi ao Oriente Médio.

Shinzo Abe – Foto: Reuters

No Japão, o assassinato de Shinzo Abe teve grande repercussão. O primeiro-ministro que mais ocupou o cargo no país foi vítima da rara violência armada no país durante um discurso no período de campanha. Seu legado é relevante para o país, Abe lutou contra a deflação crônica japonesa através de medidas econômicas ousadas, conhecidas como “Abenomics”.

Cenário Nacional 

Em um ano de conflitos – não apenas políticos, mas também pessoais e econômicos – a sociedade brasileira se partiu em duas. O uso do verde-amarelo ou do vermelho marcaram a disputa eleitoral brasileira em busca da Presidência da República. Nesse sentido, o cenário de polarização deixou o ano ainda mais tenso, principalmente após diversos atos de violência por questões de preferência de candidato.

Entre os inúmeros casos, o que teve maior repercussão ocorreu na noite de 9 de julho, quando o policial penal bolsonarista Jorge Guaranho invadiu uma festa para matar o guarda municipal petista Marcelo Arruda, que comemorava o aniversário de 50 anos com uma festa alusiva ao PT, em Foz do Iguaçu (PR). Após o infeliz acontecimento, o sentimento de luto e medo pairou sobre o país.

A polarização colocou de um lado majoritariamente eleitores homens, pessoas de renda mais elevada e a população evangélica a favor de Jair Bolsonaro e, de outro, mulheres, a intelectualidade e a fatia mais pobre da sociedade em prol de Lula. Esses eleitores foram suficientes para garantir a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno, onde venceu em 13 dos 26 Estados brasileiros, com uma pequena diferença de aproximadamente 2 milhões de votos – 50,9% a 49,10% – sendo a disputa mais acirrada desde a redemocratização do país.

                          Eleição Presidencial no Brasil, resultado por Estado – fonte: O Globo                                  

Antes disso, a polêmica se materializou nas manifestações de rua durante o primeiro turno. Principalmente, durante o discurso de Bolsonaro após o desfile de 7 de setembro em comemoração ao Bicentenário da Independência do Brasil, quando o então candidato à reeleição puxou coro de “imbrochável, imbrochável, imbrochável”, sendo aplaudido e apoiado pela multidão que o apoiava. Tal atitude ficará marcada na história brasileira.  Já as manifestações favoráveis ao PT ganharam as ruas de forma mais visível nas semanas seguintes, por meio de comícios e caminhadas nas principais cidades brasileiras. 

Após o resultado das eleições, manifestantes bolsonaristas, insatisfeitos com a derrota do então presidente, bloquearam rodovias e se concentraram em frente a quartéis do exército, defendendo pautas antidemocráticas – muitos pedindo por intervenção federal. Durante as manifestações, a camisa da Seleção Brasileira foi o principal “uniforme” dos defensores de Bolsonaro. Entretanto, a Copa do Mundo – iniciada pouco menos de um mês após o segundo turno – serviu para resgatar a tradicional camiseta amarela do cativeiro político. 

Apoiadores de Bolsonaro insatisfeitos com o resultado das eleições, pedindo intervenção federal em frente ao                                                 QG do Exército. Fonte: Poder 360

Por fim, Luiz Inácio Lula da Silva tomou posse como novo presidente da República perante o Congresso Nacional em  Brasília, neste domingo (01/01), dezenas de milhares de pessoas, vindas de todo o país, acompanharam a cerimônia. Entretanto, mesmo em uma momento de felicidade para muitos, a incerteza toma conta de grande parte da população brasileira e do mercado, especialmente em relação a capacidade da terceira gestão de Lula e como o presidente lidará com aproximadamente metade de uma população insatisfeita com a sua posse, além de um Congresso em parte alinhado ao projeto de Bolsonaro.

                              Lula desfila em carro aberto antes da cerimônia de posse.

                                                    foto: Ueslei Marcelino/ Reuters 

A inflação persistente – não apenas no cenário nacional, mas também internacional – foi o principal fenômeno que manteve os principais bancos centrais em alerta. Dessa forma, elevando os juros e impactando de forma negativa a recuperação da economia após um longo período de pandemia e desaceleração econômica.

No brasil, a alta de preços de combustíveis – ocasionado por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia, que afetou no preço dos barris de petróleo ao redor do mundo – foi o principal fator de aumento no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), no qual teve o pico da inflação em abril, quando o IPCA somou um acumulado de 12,13%não se via um número desta magnitude desde 2003, quando o índice somou 13,98%.

Após algumas altas, a inflação entrou em um movimento de queda, com o IPCA acumulado em novembro de 5,90%. 

Inflação ao longo de 2022, com a maior alta no mês de abril

fonte: IBGE

Parte dessa queda na inflação se deve ao esforço do Banco Central, que subiu a taxa de juros da economia. Em 2022, a Selic começou o ano acima do piso de 2% registrado dois anos antes, atualmente atingiu 13,75%, onde está estacionada desde agosto – a maior taxa desde 2016 e o segundo maior juro real do mundo. Tal medida, causa o consumo fraco e investimento baixo, dessa forma reduzindo o crescimento econômico.

Com a estratégia de conter as altas nos combustíveis e, também, por pressão dentro do Governo em momento crucial do ano eleitoral, a presidência da República demitiu o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, que estava no cargo a pouco mais de um ano. Durante seu período à frente da estatal, a gasolina subiu 32,3%. José Mauro Coelho, foi nomeado como substituto em abril, entretanto deixou o cargo no final de junho – sendo o segundo presidente com menor tempo à frente petrolífera na história. Deste então, Caio Mário Paes de Andrade, se manteve à frente da Petrobras como reflexo da aplicação da Lei Complementar nº 194/2022, que estabeleceu o limite de 18% para alíquotas de ICMS nos setores de combustíveis, energia e telecomunicações para conter a inflação e manter o ritmo da retomada do crescimento econômico no país. Como consequência, a pressão sobre a presidência da estatal foi reduzida.

Além disso, a estatal mudou os valores da gasolina e do diesel 16 vezes e mesmo com um ciclo de cortes, o preço dos combustíveis termina o ano até 34% mais caros. Os principais motivos de altas e baixas se devem pela volatilidade do petróleo no mercado internacional, além de questões políticas.

                                             Reajustes da Petrobras de 2022 

                                                                      fonte: MoneyTimes

O Ibovespa encerrou a última sessão do ano em queda de -0,46% e não conseguiu se manter no patamar dos 110 mil pontos. Apesar da queda de -2,5% em dezembro, o principal índice da bolsa terminou o ano com ganhos de 4,7%. Em dólares, o índice encerrou o ano com forte alta de +10,1%, acima dos mercados globais que caminham para terminar o ano em queda de -20%. 

Perspectivas Para a Próxima 2023

Cenário Internacional

O ano de 2022 com certeza foi um tanto quanto agitado deixando no ar um certo grau de incerteza no cenário econômico global, entretanto para o ano de 2023 existem alguns consensos, entre os principais players do mercado. Este consenso, apesar de não unânime, se refere aos estágios do ciclo econômico que o mundo irá passar no próximo ano, a imagem abaixo ilustra um pouco desse “pensamento compartilhado” do mercado.

Fonte: BNY MELLON, 2023 OUTLOOK.

Ou seja podemos inferir que o mercado espera para o próximo ano um cenário com uma potencial recessão, baixo crescimento econômico – o banco Barclays, por exemplo, estima uma média de crescimento de apenas 1.7%, e baixa intensidade no crescimento dos índices de inflação, ou seja, o cenário para o ano que se inicia é um tanto quanto desafiador. Desafiador tanto para os consumidores, que verão os preços de bens e serviços sofrerem o impacto negativo de uma economia desacelerada, quanto para os investidores visto que um cenário de incerteza implica em um mercado mais volátil, e consequente mais arriscado, vale destacar que este cenário indica que os principais índices das principais bolsas espalhadas pelo mundo ainda podem sofrer novas quedas.

Além disso o cenário que se forma provocará grande dor de cabeça para os bancos centrais espalhados pelo globo, já que, os mesmos têm a árdua tarefa de definir as taxas de juros e políticas monetárias para tentar controlar a recessão que se forma, de uma forma que o impacto negativo no cenário econômico seja mínimo.

Nos Estados Unidos, mais especificamente, a JPMorgan Chase & Co projeta uma taxa de juros superior aos 5% – atualmente a taxa básica de juros no país está na faixa entre 4,25% e 4,50%, tal fato deve implicar, e já implica, a formação de um  ambiente de desaceleração no setor imobiliário e na força do dólar, custos de empréstimos mais altos e condições financeiras mais rígidas, o que consequentemente implica em uma redução na demanda em toda a economia.

Já na Europa, especificamente na zona do euro, a situação é um pouco diferente em virtude do maior grau de incerteza que paira no velho continente, principalmente, em decorrência das consequências da guerra entre Ucrânia e Rússia. O cenário já é o de uma recessão, segundo analistas do Credit Suisse Group, por exemplo, com índices de juros e inflação elevados, uma crise energética que impacta o setor produtivo como um todo, e principalmente a não previsibilidade de uma guerra sem data para terminar.

Na Ásia, principalmente na China, o desenrolar do cenário econômico depende muito do impacto que o fim de sua política de COVID zero irá causar no mercado, apesar de o aperto monetário e a crise fiscal ainda serem fator determinante na situação de desaceleração econômica que afeta tanto o continente quanto a China. No sul da Ásia, por sua vez, é esperado que os mercados se beneficiem, apesar de moderadamente, com a recuperação pós COVID. O Japão por sua vez, apesar de pouco afetado pelo cenário de desaceleração econômica global, muito em virtude das políticas adotadas pelo seu banco central, deve no ano de 2023 sentir impactos da recessão que se instaura no globo.

Abaixo podemos observar um panorama geral do Credit Suisse sobre suas projeções tanto para o PIB quanto para a inflação das principais economias da América do Norte, Ásia e Europa.

Fonte: Credit Suisse, Investment Outlook 2023.

Cenário Nacional

No Brasil, o cenário tende a seguir a tendência global de desaceleração econômica, já tendo nos últimos meses do ano de 2022 apresentando uma desaceleração nos principais indicadores econômicos referentes à indústria e serviços, e apesar de números como o desemprego terem melhorado, a discussão sobre o orçamento para 2023, em conjunto com a mudança na presidência aumentaram o risco fiscal do país, o que contribui para a formação de tal cenário.

Para exemplificar isto é válido apresentar a previsão de crescimento previsto para o Brasil da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), de apenas 0,6%.

Um ponto de destaque se diz respeito ao impacto externo na economia brasileira, já que, em um cenário de recessão global os investidores tendem a buscar opções de investimentos mais seguras, o que não é o caso do Brasil, ou seja, a tendência é de um mercado mais volátil em 2023.

E apesar de alguns bancos projetarem uma desvalorização do dólar, o mercado espera, segundo o Boletim de Mercado Focus, que a taxa de câmbio USD/BRL no ano de 2023 se mantenha na faixa dos R$5,25

Inflação e taxa de juros certamente terão lugar de destaque no debate econômico deste ano, com o mercado projetando para o primeiro semestre do ano uma manutenção na taxa de juros e posteriormente uma diminuição nos valores da mesma podendo até mesmo chegar aos 12%, o Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea espera um IPCA e um INPC de 4,9%, vide tabela a seguir:

Fonte: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.

Este relatório foi elaborado pela Liga de Investimentos da UFPR, e não se trata de um relatório de análise, mas tão simplesmente um relatório que consolida as notícias públicas do mercado global. Ele tem como objetivo fornecer informações atuais que possam auxiliar o investidor a tomar sua própria decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta ou solicitação de compra e/ou venda de qualquer produto. As informações contidas neste relatório são consideradas válidas na data de sua divulgação e foram obtidas de fontes públicas. A Equit Capital não se responsabiliza por qualquer decisão tomada pelo cliente com base no presente relatório.

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