Introdução ao Planejamento Financeiro – Parte 2/4

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Como organizar sua vida financeira?

Por Roberto Sprengel Minozzo Tomchak

Introdução

Entender de onde surgem os nossos gastos e nossa renda é essencial para um planejamento financeiro, já que assim poderemos manejar melhor nosso dinheiro, colocando-o nos lugares certos. Existem várias formas de fazer essa organização, geralmente usando planilhas ou anotando os dados à mão. Neste texto, iremos focar em algumas ideias que foram popularizadas por dois livros: “Pai Rico, Pai Pobre”, do autor Robert T. Kiyosaki, e “O Homem Mais Rico da Babilônia”, de George S. Clason.

Fluxo de caixa

Dentro do conceito de análise demonstrativa financeira de uma empresa, existem alguns dados importantes, como o balanço patrimonial, que são considerados na análise. Embora esse conceito seja usado principalmente em contabilidade empresarial, no livro “Pai Pobre, Pai Rico”, o autor faz uma adaptação para pessoas comuns. Dessa forma, podemos esboçar um fluxo de caixa para nós mesmos.

Nesse esboço, temos duas tabelas: o balanço patrimonial (dividido em passivos e ativos) e a demonstração financeira (dividido em renda e despesas). A ideia é fazer um fluxo, demonstrando de onde vem o nosso dinheiro e para onde ele vai, e assim auxiliar no entendimento das nossas fontes de renda e gastos. Explicando brevemente cada conceito:

Ativos: tudo que coloca dinheiro no seu bolso, independentemente de você estar trabalhando ou não.

Passivos: tudo que tira dinheiro do seu bolso.

Renda: entrada do dinheiro, através dos ativos e outras fontes, como um salário.

Despesas: saída do dinheiro. A partir daqui o dinheiro não é mais seu, e sim transferido para outra pessoa através de uma compra, por exemplo.

Note que os ativos geram renda, enquanto os passivos se tornam despesas, e assim, esse dinheiro sai do seu fluxo.

Logo, independente do tamanho da sua renda, é importante entender: devemos aumentar nossa coluna de ativos, buscando investimentos, e diminuir nossa coluna de passivos, evitando gastos que não nos trarão benefício econômico futuro.

O objetivo aqui é entender a história por trás dos números: por que minhas despesas estão do tamanho que estão? Como posso investir melhor o meu dinheiro, em ativos que me deem retorno? Quais os benefícios e malefícios de eu tirar de ou colocar dinheiro em um determinado lugar?

Normalmente, nossas despesas essenciais (aquelas que temos todo mês, como aluguel e alimentação) podem ser divididas em fixas e não fixas, ou seja, aquelas que todo mês serão aproximadamente o mesmo número, como aluguel, e as que podem variar, como roupa e alimentação. Como as fixas podem ser difíceis de alterar, devemos focar nas não fixas, pois muitas vezes, sem perceber, acabamos gastando mais do que devemos, eventualmente com coisas desnecessárias.

Assim, já somos capazes de entender e organizar muito melhor nossos gastos e rendas. Mas agora a questão é: quanto da nossa renda devemos destinar para cada segmento?

Como dividir os gastos?

Não existe uma regra única para essa divisão. Afinal, isso vai variar dependendo da sua condição financeira, dos seus objetivos a curto, médio e longo prazo, e de suas obrigações. Sendo assim, iremos apenas abrir uma discussão e tentar inspirá-lo a tomar suas próprias decisões.

No livro “O Homem Mais Rico da Babilônia” é repetidamente comentado que devemos separar ao menos um décimo de tudo que ganhamos para nós mesmos, ou seja, no mínimo 10% de toda nossa renda deve ser preservada. Ao utilizar suas economias para comprar uma roupa, por exemplo, você está pagando a alguém, e assim, esse dinheiro não é mais seu. Se você sempre utilizar todo o seu dinheiro para pagar outras pessoas, sem separar sequer uma parte para poupar e investir, você nunca estará pagando a si mesmo, e apenas sempre pagando aos outros.

Esse pensamento — de preservar uma parte de sua renda — deve ser mantido mesmo que você possua dívidas. No capítulo “As tabuinhas de argila da Babilônia”, temos o personagem Dabasir pagando suas dívidas com 20% de sua renda mensal, mantendo os 10% para si mesmo e 70% para os gastos essenciais. 

E por que não pagar logo toda a dívida com 30%, sem guardar nada para si? Porque ter esses 10% investidos ajuda a dar estabilidade. Primeiro, se enquanto a dívida ainda está sendo paga, surgir um imprevisto ou uma oportunidade, você será capaz de lidar melhor com a situação, já que caso contrário não haveria caixa para isso. Outro motivo é que assim seu patrimônio vai se formando, então quando a dívida estiver liquidada, você não precisará começar do zero de repente.

Além disso, é importante entender que a prioridade é ser constante, e não fazer sacrifícios cada vez maiores. Imagine uma pessoa que deseje preservar 40% de sua renda para investir, e, para alcançar essa meta, ela resolva cancelar seu plano na academia, suas assinaturas em serviços de streaming, e não sair de casa a lazer, para não gastar “desnecessariamente”, além de ter dois empregos ao mesmo tempo. Por quanto tempo essa pessoa será capaz de manter esse padrão de vida? Mesmo que ela seja capaz de seguir essa rotina durante um tempo, é provável que eventualmente acabe desistindo de poupar. Por outro lado, uma pessoa que preserve 10% da sua renda irá inevitavelmente alcançar o mesmo montante (mesmo que demore mais), e, se conseguir manter a disciplina, irá ultrapassar a primeira pessoa, mantendo a sua qualidade de vida e sua saúde.

Dito isso, tenha em mente que 10% é considerado um mínimo, e não uma quantia ideal. Se você é capaz de separar 20% (ou mais) da sua renda, então o faça, pois, é claro que, quanto mais você for capaz de preservar, mais rápido construirá um patrimônio sólido, atingindo uma segurança financeira. À medida que vão se criando bons hábitos financeiros, fica mais fácil preservar porcentagens maiores.

É importante comentar que o autor deixa claro, nas parábolas contadas no livro, que é extremamente difícil enriquecer apenas guardando esses 10% (ou qualquer outra porcentagem) de sua renda todos os meses. De acordo com ele, é necessário investir esse capital preservado, de forma a acelerar o crescimento do patrimônio e se proteger da desvalorização da moeda, colocando o seu dinheiro para gerar mais dinheiro, sem que você precise fazer mais esforço, especialmente tendo fontes de renda passiva, ou seja, ter seu capital investido em aplicações que lhe retornem dinheiro constantemente, como se o seu próprio dinheiro estivesse trabalhando para você, gerando mais riqueza. Isso é possível hoje em dia de diversas formas, como investindo na bolsa de valores, seja em ações pagadoras de dividendos ou fundos imobiliários, por exemplo, ou mesmo em renda fixa (títulos públicos e privados).

De qualquer forma, é explicado no livro que as pessoas devem entender exatamente em quais aplicações estão colocando seu dinheiro, ou seja, devem estudar com cuidado as diversas opções de investimentos que existem, e não apenas direcionar seu dinheiro para qualquer aplicação, sem ter consciência e segurança do que estão fazendo.

Uma possível organização dos gastos (mas não a única) pode ser vista no gráfico a seguir: 10% do dinheiro deve ser investido corretamente, 20% direcionado para pagamento de dívidas, ou, caso não as possua, usar em gastos não essenciais, e os 70% restantes destinados aos gastos essenciais.

Assim, é possível quitar dívidas, manter sob controle as despesas, ter lazer e investir constantemente todos os meses.

Conclusão

É importante frisar que a palavra chave é consistência. Independente de como você organizará seu fluxo de caixa, é importante que ele seja feito sempre, todos os meses, ao longo de muitos anos. A porcentagem mínima para investir deve ser algo inegociável, sempre separada logo no momento que você receber qualquer dinheiro, e não uma quantia que você apenas invista caso sobre dinheiro no final do mês, por exemplo.

No próximo texto desta série, iremos focar no pilar dos investimentos e entender dois conceitos bastante importantes: os tipos de investimento e os perfis de investidor. Até logo!

Este material foi produzido pela Liga de Investimentos e Finanças UFPR com o propósito de informar, contribuir e educar, a Liga de Investimentos e Finanças UFPR não se responsabiliza por decisões de investimentos que venham a ser tomadas com base nas informações aqui divulgadas, o material representa o estado do mercado na data da publicação, sendo que as informações estão sujeitas a
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O presente material não tem o intuito de garantir que o conteúdo apresentado será uma estratégia efetiva para os seus investimentos e, tampouco, que as informações poderão ser aplicadas em quaisquer condições de mercados. O leitor não deve utilizar as informações disponibilizadas como substitutas de suas habilidades, julgamento e experiência ao tomar decisões de investimentos ou negócios.

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