Data de referência: 09 a 15 de janeiro de 2023
Cenário Internacional
Estados Unidos
JPMORGAN (NYSE: JPM, BDR: JPMC34)
BANK OF AMERICA (NYSE: BAC, BDR: BOAC34)
Bancos e grandes instituições financeiras aquecem a temporada de resultados do 4° trimestre. O período de divulgação dos balanços dos bancos teve largada na sexta-feira (13), após a publicação das demonstrações de Wells Fargo, JPMorgan, Citi e Bank of America.
Em suma, a elevada taxa de juros favoreceu os lucros dos bancos, todavia houve um acréscimo de provisões para inadimplentes de certa forma contrapondo os benefícios das altas nos juros em relação aos lucros.
Reportando números acima do esperado pelo mercado, o JPMorgan Chase (JPM) obteve lucro líquido de US $11 bilhões – correspondente a US $3,51 por ação. Já o Bank of America (BofA), alcançou lucro líquido de US $7.1bilhões no quarto semestre de 2022, e ganho por ação diluída de US $0,85, ligeiramente acima do reportado no mesmo período no ano anterior. Ademais, é importante notar a preocupação dos executivos dos grandes bancos, frente à desaceleração do crescimento econômico estadunidense.
Grandes bancos inauguram a temporada do 4° Tri de 2022. J.P Morgan e Bank Of America são destaques.
Imagem: iStock
No xadrez político, questões relativas à transparência pública têm tido forte relevância no governo Biden. Nos últimos dias, documentos referentes à administração Obama e classificados como confidenciais, os quais deveriam ser encaminhados diretamente para o arquivo nacional norte-americano, foram descobertos na residência pessoal do atual presidente. Biden informou que seus advogados e equipe que encontraram as pastas, no entanto, não revelou o motivo para lá estarem ou seus respectivos conteúdos.
Na última quinta-feira (12) o Procurador-geral dos Estados Unidos, Merrick Garland, nomeou Robert Hur como procurador especial para investigar a situação. “A Casa Branca está cooperando com os Arquivos Nacionais e o Departamento de Justiça em relação à descoberta do que parecem ser registros do governo Obama-Biden, incluindo um pequeno número de documentos com marcas classificadas”, disse Richard Sauber, conselheiro especial do presidente Biden em um comunicado. Há agora um clima de instabilidade, especialmente com a expectativa do anúncio da concorrência – ou não – de Biden à reeleição.
Presidente dos EUA, Joe Biden, enfrenta momento político delicado e decisivo para sua reeleição.
Imagem: Reuters.
Pode-se observar um clima de incerteza gravitando também ao redor da política monetária estadunidense. Na terça-feira (10) o S&P 500 e o Nasdaq abriram em baixa: O S&P 500 abriu em baixa de 0,09%, a 3.888,57 pontos, já o Nasdaq apresentou queda de 0,26%, para 10.607,72 pontos. O índice Dow Jones teve abertura estável. Portanto, fica explícita a preocupação do mercado com as taxas de juros e a política monetária após as declarações do chair do Federal Reserve, Jeremy Powell.
O presidente do Fed, Jeremy Powell, ressaltou a importância da independência da instituição frente às influências políticas: “Restaurar a estabilidade de preços quando a inflação está alta pode exigir medidas que não são populares no curto prazo, conforme aumentamos as taxas de juros para desacelerar a economia. A ausência de controle político direto sobre nossas decisões nos permite tomar essas medidas necessárias sem considerar fatores políticos de curto prazo”, disse Powell. Outro ponto marcante do discurso de Jeremy Powell foi o afastamento de metas climáticas e da promoção da economia verde, que difere dos posicionamentos dos principais bancos centrais da Europa.
Declarações recentes do presidente do Fed, Jeremy Powell, não trouxeram conclusões sólidas ao mercado financeiro estadunidense.
Imagem: Reuters.
Após picos recordistas, a pressão inflacionária tem sido mais amena ultimamente. Na quinta-feira (12), o presidente Joe Biden afirmou que a inflação está dando um respiro à população norte-americana. Biden acredita que a queda dos preços da gasolina e alimentos é o principal motivo para explicar a desaceleração dos números do Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês).
A inflação nos EUA atingiu o menor nível do ano passado em dezembro, no qual o aumento de preços ao consumo chegou a 6,5%, contra 7,1% em novembro. Vale ressaltar que o pico máximo havia sido de 9,1% em junho de 2022.
O gráfico da inflação anual dos EUA dos últimos 2 anos, apresenta uma desaceleração em relação ao pico de 9,1% reportado em junho de 2022 e registra 6,5% no acumulado dos últimos 12 meses até dezembro.
Fonte: MQL5.com, elaboração própria
Os principais índices de Wall Street encerraram a semana em alta, mesmo tendo iniciado em baixa. O S&P 500 teve alta 2,67% – a maior alta entre os índices – a 104,01. Dow Jones teve alta de 2,00% a 672,00. Por fim, o Nasdaq 100 apresentou alta de 4,54% a 501,13.
Resultados reportados na última semana no mercado americano.
Fonte: Interactive Investor
* PMO = Antes do mercado abrir (do inglês, Pre Market Open), AMC = Depois do mercado fechar (do inglês, After Market Close).
Europa
Nesta segunda-feira (9), O Banco Central Europeu (BCE) comunicou que o avanço dos salários na zona do euro deverá ser “muito forte” nos próximos trimestres em relação aos padrões históricos, refletindo a solidez dos mercados de trabalho, que até o momento não foram afetados substancialmente pela desaceleração econômica. Em artigo publicado, destacou que, levando-se em consideração efeitos inflacionários, os salários reais são hoje substancialmente menores do que antes da pandemia de Covid-19, o que deverá levar os sindicatos a exigir ajustes salariais mais robustos nas próximas rodadas de negociações.
Imagem: REUTERS
Sobre o conflito entre a Ucrânia e a Rússia, a Rússia desencadeou uma nova onda de grandes ataques na Ucrânia neste sábado, atingindo a infraestrutura de energia em todo o país e matando pelo menos 12 pessoas em um ataque com míssil contra um prédio de nove andares na cidade de Dnipro, disseram as autoridades. As equipes de resgate trabalharam durante a noite em temperaturas congelantes após o ataque do Dnipro, no centro-leste da Ucrânia, com autoridades locais dizendo que as pessoas ainda estavam vivas sob a enorme pilha de destroços. Os ataques russos também atingiram a infraestrutura crítica em Kiev e em outros lugares, com o ministro da Energia da Ucrânia dizendo que os próximos dias seriam “difíceis” com ameaças ao fornecimento de eletricidade, água encanada e aquecimento central no auge do inverno.
Equipe de emergência trabalha no local onde um bloco de apartamentos foi fortemente danificado por um ataque de míssil russo, em meio ao ataque da Rússia à Ucrânia, em Dnipro, Ucrânia, 15 de janeiro de 2023.
Imagem: Reuters
Já no que diz respeito as bolsas europeias, em Londres, o FTSE 100, subiu 0,64%, a 7.844,07 pontos, uma alta semanal de 1,88%, enquanto o índice DAX, em Frankfurt, seguiu o movimento e fechou em alta de 0,19%, a 15.086,52 pontos, subindo 3,26% na semana. O CAC 40, em Paris, avançou 0,69%, a 7.023,50 pontos (+2,37% na semana), e o FTSE MIB, em Milão, fechou em alta de 0,19%, a 25.783,48 pontos (subindo 2,40% na semana). Já em Madri, o índice Ibex 35 subiu 0,63%, a 8.883,40 pontos (+2,21% de crescimento semanal). Por fim, na Bolsa de Lisboa, o PSI 20 caiu 0,17%, a 6.031,64 pontos, uma alta de 2,07% na variação semanal.
A produção industrial da zona do euro subiu 1% em novembro ante outubro, segundo a Eurostat. O aumento além do esperado pelo mercado, junto com os dados do PIB da Alemanha, que teria desacelerado e crescido 1,9% em 2022, segundo dados preliminares, são vistos como boas notícias para a Capital Economics, que indica que a não seria “surpreendente” se a zona do euro conseguisse evitar uma recessão. O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em alta de 0,63%, a 450,22 pontos, seu nível mais alto desde o final de abril, com o salto de 1,9% do setor de varejo europeu.
Ásia
Neste sábado (14) a China anunciou a ocorrência de pelo menos 60 mil mortes relacionadas ao coronavírus desde o início da flexibilização das medidas de restrição contra a doença. Os ajustes na política “Covid Zero” iniciaram-se em dezembro, após inúmeros protestos no país a favor da diminuição das restrições. Desde então, o número de pacientes aumentou consideravelmente.
Em dezembro, Pequim revisou a metodologia de contagem de mortes por Covid-19 – mudança criticada pela Organização Mundial da Saúde e descrita como “muito limitada”. Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS, afirmou recentemente em discurso: “Continuamos pedindo à China dados mais rápidos, regulares e confiáveis sobre hospitalizações e mortes, além de um sequenciamento do vírus em tempo real”.
O governo chinês rejeita as críticas e solicita à OMS uma postura “imparcial” em relação à doença. Liang Wannian, chefe do grupo de especialistas em Covid na China, afirmou nesta quarta-feira (11) que “a principal tarefa durante a pandemia é tratar os pacientes”. Além disso, sobre a metodologia de contagem de óbitos, Wannian argumentou não haver consenso internacional sobre a classificação e acredita que “neste momento, não se faz necessário a investigação da causa de cada caso individual”.
No decorrer de uma crescente militarização no leste da Ásia, o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, teve um encontro com o presidente dos EUA, Joe Biden, em Washington na sexta-feira (13). É o primeiro encontro dos líderes após a adoção da nova estratégia de segurança nacional do Japão, divulgada em dezembro e que se refere principalmente às ambições de expansão da China na região.
A defesa japonesa hoje conta com o terceiro maior orçamento no ranking de maiores gastos militares – atrás dos EUA e China. Segundo comunicado divulgado pela Casa Branca, a pauta da reunião foi composta pelo combate à crise climática, a cooperação espacial, o programa nuclear da Coreia do Norte, a invasão da Rússia na Ucrânia e a manutenção da estabilidade no estreito de Taiwan.
Com relação aos dados econômicos, ocorreu a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) referente ao mês de dezembro na China. O valor avançou 1,8% em dezembro na avaliação anual e permaneceu estável em relação ao mês anterior – dados que estão em conformidade com as previsões de Wall Street.
Na sexta-feira (13), ocorreu a divulgação da Balança Comercial chinesa com um superávit recorde de US$ 877,6 bi em 2022. Em dezembro o saldo positivo da balança foi de US$ 78 bilhões, superior à projeção de US$ 76,2 bilhões do mercado. O recorde anual anterior, de 2021, era de US$ 676,43 bilhões.
Com relação ao mercado, o índice Shanghai Composite fechou em alta acumulada na semana de +1,19% aos 3195,31 pontos. O motivo da alta pode estar relacionado ao otimismo dos investidores no resultado da balança comercial chinesa – com superávit recorde – além de acompanhar as indicações positivas de mercados globais.
Cenário Nacional
A polêmica envolvendo a varejista Americanas foi o principal acontecimento no mercado nacional durante a semana, preocupando clientes e acionistas. Tudo começou com a divulgação de um comunicado da empresa, nesta quarta-feira (11), anunciando que o CEO Sergio Rial, renunciou após 10 dias à frente da companhia, assim como o CFO André Covre. Além disso, a companhia informou que a nova gestão encontrou “inconsistências em lançamentos contábeis” em anos anteriores, incluindo o exercício de 2022, da ordem de R$ 20 bilhões. No dia seguinte, quinta-feira (12), a reação da bolsa foi expressiva, com as ações da varejista chegando a ter queda de quase 80%, já o seu valor de mercado foi de R$ 10,83 bilhões para R$ 2,45 bilhões, uma queda de R$ 8,38 bilhões. Durante o dia, as ações da empresa entraram em leilão por diversas vezes e fecharam o dia com baixa de 77,3%.
Ainda no mesmo dia, Rial, em uma conferência com investidores, explicou que as falhas contábeis da empresa provinham da identificação de financiamentos bancários, assim nos contratos de financiamento da Americanas para o pagamento de fornecedores o montante não aparecia como dívida. Esse tipo de financiamento bancário é extremamente comum no meio varejista, se resumindo com os fornecedores recebendo no prazo estipulado – de 30 a 90 dias –, enquanto a companhia passa a dever para o banco e um tempo depois quita o empréstimo, com juros e outras despesas financeiras. Entretanto, a Americanas não lançava a despesa junto ao banco no balanço, e sim na conta fornecedores – sendo um classe diferente do balanço. Dessa forma, ao considerar a dívida como financeira, os múltiplos da empresa ficam distorcidos, afetando lucro, endividamento, patrimônio líquido (um indicador de solvência) etc. Esse fato, pode acarretar no vencimento antecipado e imediato de dívidas em montante aproximado de R$ 40 bilhões.
Por consequência dos acontecimentos, a Americanas entrou, nesta sexta-feira (13), com pedido de tutela de urgência cautelar junto à 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, sendo o pedido aceito pelo Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ). Dessa maneira, a empresa consegue impedir que seus ativos sejam bloqueados a pedido de credores, por exemplo. Ademais, a varejista só terá obrigação de pagar suas dívidas quando pedido de recuperação judicial seja feito à Justiça. Para tanto, a empresa precisa decidir sobre o pedido em até 30 dias. Se não o fizer, a tutela perde a eficácia.
Após o desastre contábil, as ações da varejista Americanas (AMER3) chegaram a ter baixa de até 77,68%. fonte: TradingView.
No contexto político atual, a invasão terrorista às sedes dos Três Poderes, no domingo (8), em Brasília, resultou na destruição do patrimônio público brasileiro, além do ataque à democracia do país – já que os “manifestantes” negam o resultado da eleição presidencial, decidida pela maioria dos brasileiros. Nesse sentido, a polícia identificou pelo menos 15 delitos nas ações dos golpistas e as prisões por esses atos já começaram a ser decretadas. Nesta quarta-feira (11), o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) deu início às audiências de custódia dos presos envolvidos nos atos antidemocráticos em Brasília, às audiências começaram após reunião de Alexandre de Moraes com representantes do Ministério Público da União (MPU), do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/DF), Defensoria Pública da União (DPU) e do DF. Até o momento, 1,418 mil golpistas já foram presos e levados para a celas do Centro de Detenção Provisória (CDP) 2, no Complexo Penitenciário da Papuda e para a Penitenciária Feminina do Distrito Federal, conhecida como Colmeia, onde foram submetidos a triagem médica e vacinados contra a covid-19 – antes disso, 599 bolsonaristas foram liberados, a maioria idosos, pessoas com problemas de saúde, em situação de rua e mães acompanhadas de crianças. Por fim, os detidos aguardam audiências individuais, que só cessarão após todos os presos serem ouvidos. “As audiências serão por videoconferência, com auxílio de juízes do Núcleo de Audiência de Custódia (NAC) e de algumas varas do TJDFT e da Justiça Federal, inclusive nos fins de semana, das 8h às 19h”, informou a autarquia.
Apoiadores radicais do ex-presidente Jair Bolsonaro são levados para Polícia Federal. Foto: Vinicius Nunes /UOL
Ainda no mesmo dia, o STF (Supremo Tribunal Eleitoral) formou maioria e decidiu manter a decisão do ministro Alexandre de Moraes referente ao afastamento do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), de suas funções por 90 dias – Moraes tomou a decisão na madrugada desta segunda-feira (9), com o argumento que o então governador omitiu e falhou com a segurança em Brasília –por 9 a 2. Além disso, o STF manteve a prisão preventiva do ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça, Anderson Torres – determinada por Moraes, nesta terça-feira (10), em que acusou o ex-ministro de supostas omissões intencionais que teriam contribuído para os atos de vandalismo na capital. Por consequência das acusações, houve o cumprimento do mandado de busca e apreensão na casa de Torres, onde foi encontrado um documento propondo a instauração do Estado de Defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília. Tal medida poderia alterar os resultados das eleições de 2022. No fim desta semana, neste sábado (14), Anderson Torres foi preso pela Polícia Federal, após desembarcar em Brasília, voltando de uma temporada de férias nos Estados Unidos.
Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, foi preso após desembarcar em Brasília.
Foto: Evaristo Sá.
Ainda na quarta-feira (11), foram divulgados os dados do cartão corporativo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com gastos de ao menos R$ 27,6 milhões durante os quatro anos de mandato. Entre os diversos dados divulgados pela Secretaria-geral da Presidência da República, destaca-se os gastos referentes a: R$ 8,6 mil em sorvetes, R$ 10,5 milhões em hotéis de luxo, R$ 362 mil em uma única padaria, dentre outros. Os gastos divulgados contrariam o discurso de Bolsonaro, durante o mês de março, em que afirmou que teria acabado “a farra com dinheiro público”.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou, nesta quinta-feira (12), algumas medidas fiscais para reduzir o rombo nas contas públicas. Dessa forma, as propostas podem aliviar os cortes públicos em até R$ 242,7 bilhões em um ano, com o principal objetivo de reverter o déficit previsto no Orçamento de 2023, de R$ 231,55 bilhões. Ou seja, se todos os ajustes previstos forem bem sucedidos, no final do ano, teremos um superávit de R$ 11,13 bilhões. Em relação às medidas econômicas, a maioria busca o aumento da arrecadação, como a volta de cobranças federais sobre a gasolina, entretanto apenas duas são destinadas aos cortes de despesas do governo. Entre as 9 medidas anunciadas, destaca-se o programa Litígio ZERO, destinado ao parcelamento de dívidas, e a retirada do ICMS da base dos cálculos tributários de Pis/Cofins.
No âmbito dos dados econômicos, ocorreu a divulgação do Boletim Focus na segunda-feira (9). Os analistas de mercados continuam a aumentar a expectativa para a inflação referente aos anos de 2023, 2024 e 2025. Nesse sentido, a expectativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2023 subiu de 5,31% para 5,36%. Já a previsão da taxa de juros básica da economia brasileira (Selic) foi mantida em 12,25% para este ano.
Nesta terça-feira (10), tivemos a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador considerado a inflação oficial do país, que subiu 0,62% em dezembro, acima da alta de 0,41% em novembro. Com isso, o país fechou o ano com inflação acumulada de 5,79%, acima da meta definida pelo governo de 3,5% com teto de 5%. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esse é o quarto ano consecutivo que o país fechou o ano com alta de preços superior à meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional.
Em uma semana marcada pelo escândalo contábil das Americanas(AMER3) e a invasão às sedes dos Três Poderes, em Brasília, o Ibovespa encerrou a semana em queda de -0,84% aos 110.916 pontos. Apesar da queda, o índice subiu 1,79% na semana, em linha com o ambiente positivo no exterior e arrefecimento dos receios quanto ao novo governo . Companhias ligadas ao consumo e instituições financeiras foram destaques entre as quedas. As ações ordinárias da BRF (BRFS3) recuaram 6,54%, as da CVC (CVCB3), 4,60%, já as preferenciais da Alpargatas (ALPA4), 6,13%. A Americanas, porém, foi destaque entre as altas, com suas ações ordinárias subindo 15,81%, se recuperando parcialmente do forte recuo da véspera.
Perspectivas Para a Próxima Semana
Cenário Internacional
A próxima semana será marcada pelo Fórum Econômico Mundial de Davos – reunião anual de líderes empresariais e políticos, acadêmicos e jornalistas, em Davos, Suíça – que tem como data de início segunda-feira (16) se estendendo até sexta-feira (20).
Também serão divulgados na próxima semana, os relatórios mensais da International Energy Agency (IEA) e da Organization of the Petroleum Exporting Countries (OPEC) sobre o mercado de petróleo, na terça-feira (17) e quarta-feira (18) respectivamente.
Indo para os Estados Unidos, podemos esperar uma semana agitada quanto a divulgação de indicadores econômicos. Os principais serão: o resultado das vendas no varejo mensal; o número total de alvarás de construção concedidos no mês de dezembro; o recorrente EIA – Estoques de Petróleo Bruto; e o número de vendas de casas usadas no último mês.
Especificamente sobre o resultado das vendas no varejo dos EUA, a ser divulgado na quarta-feira (18) , o mercado espera um baixo aumento – considerando as festividades de fim de ano – de 0,1% no mês de dezembro, na comparação com o mês que o antecede. É válido destacar que o resultado mensal de novembro foi de -0,6%.
Serão divulgados também relevantes indicadores referentes a produção industrial, consumo, inflação, estoques e atividade econômica.
Sobre o mercado de ações norte-amerciano, na imagem abaixo, podemos observar as empresas que realizarão a divulgação de seus resultados trimestrais. Destaque para as instituições financeiras que divulgarão seus resultados na terça-feira (17), e para a Netflix que apresentará seus resultados ao mercado na quinta-feira (19).
Resultados que serão reportados na próxima semana no mercado americano.
Fonte: Interactive Investor
* PMO = Antes do mercado abrir (do inglês, Pre Market Open), AMC = Depois do mercado fechar (do inglês, After Market Close).
E para finalizar a semana, o governador do Federal Reserve System (FED), Chris Waller, realizará um discurso ao mercado.
No velho continente a semana também será movimentada. Ocorrerá já na segunda-feira (16) um discurso do governador do Bank of England (BoE), Andrew Bailey. Quem também realizará discursos é a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, durante os dias 19 e 20 de janeiro. Outros membros do BCE realizarão discursos durante a semana.
Estes discursos ocorrerão para comunicar o mercado sobre os assuntos discutidos na reunião do conselho do BCE para as questões econômicas e financeiras, a ser realizado na terça-feira (17). A ata da reunião será divulgada na quarta-feira (19).
Referente aos indicadores econômicos, serão divulgados índices referentes a inflação, consumo, atividade econômica, percepção econômica e desemprego, também será divulgada a balança comercial de alguns países.
O destaque fica para a divulgação na terça-feira (17) do Índice de Percepção Econômica ZEW da Alemanha, e para o resultado das vendas no varejo no Reino Unido, que será apresentado ao mercado na sexta-feira (20). O mercado está pessimista em relação a ambas, projetando dois resultados negativos.
Na Ásia a semana será um pouco menos agitada. Também serão divulgados indicadores econômicos sobre atividade econômica, produção industrial, desemprego, consumo e inflação, referentes a Japão e China. A balança comercial japonesa será divulgada na quarta-feira (18).
Mas o destaque fica para a divulgação do produto interno bruto (PIB) trimestral da China, na segunda-feira (17). O mercado projeta um crescimento de 1,5%, resultado bem abaixo ao do terceiro trimestre, onde o país registrou um crescimento de 3,9%.
Outro evento que pode impactar o mercado é a decisão sobre a taxa de juro do Bank of Japan (BoJ), na quarta-feira (18). No dia que prossegue esta decisão o BoJ realizará uma conferência de imprensa para comentar sua decisão.
Cenário Nacional
E comparada a semana do cenário nacional a semana de divulgação de indicadores econômicos no Brasil será um tanto quanto parada. Teremos a costumeira divulgação do boletim de mercado – Focus do Banco Central na segunda-feira (16). O fluxo cambial estrangeiro no país na quarta-feira (18). A taxa de desemprego na quinta-feira (19). E as posições líquidas de especuladores no relatório da Commodity Futures Trading Commission (CFTC) na sexta-feira (20).
Sobre a taxa de desemprego, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o mercado projeta uma queda de 0,2% no número de desempregados, atingindo um valor total de 8,1%.
Sobre o Fórum Econômico Mundial, o ministro da fazenda, Fernando Haddad, e a ministra do meio-ambiente, Marina Silva, devem marcar presença no evento.
Este relatório foi elaborado pela Liga de Investimentos da UFPR, e não se trata de um relatório de análise, mas tão simplesmente um relatório que consolida as notícias públicas do mercado global. Ele tem como objetivo fornecer informações atuais que possam auxiliar o investidor a tomar sua própria decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta ou solicitação de compra e/ou venda de qualquer produto. As informações contidas neste relatório são consideradas válidas na data de sua divulgação e foram obtidas de fontes públicas. A Equit Capital não se responsabiliza por qualquer decisão tomada pelo cliente com base no presente relatório.
